terça-feira, 28 de setembro de 2010

Air Doll (空気人形 Kūki Ningyō)

Doona é o brinquedo sexual e "companheira" de um garçom de lanchonete solitário, que conversa e cuida da boneca como se fosse uma namorada, com direito a banho de xampú de luxo e passeios noturnos no parque. Em troca, a boneca cumpre a função para a qual foi fabricada: servir como substituta para suprir os desejos sexuais de seu dono. À medida que vai tomando consciência de que está viva e aproveitando a ausência do patrão até a noite, a bela de plástico lança-se em caminhadas exploratórias pelo bairro, descobrindo pessoas e uma existência que jamais imaginou.




Nozomi é uma boneca insuflável. Do mundo, apenas conhece o “amor” que o seu dono lhe dá e os quatro cantos do pequeno apartamento em que este vive. Contudo, um dia, ganha um coração e descobre que o mundo é muito mais vasto que possa imaginar. “Todos somos substitutos de alguma coisa.”

Entre a comédia e o drama, Hirokazu Koreeda propõe uma bonita reflexão sobre o amor e a solidão. E é sob um mosaico de personagens secundárias que constrói a história – baseada na manga homónima de Yoshiie Goda –, expondo várias metáforas do nosso quotidiano.

Du-na Bae (The Host), curiosamente uma actriz sul-coreana, interpreta deliciosamente a personagem de boneca insuflável. Tanto a caracterização enquanto boneca, – os seus gestos desajeitados nos primeiros passos –, como também toda doçura e inocência com que descobre o “novo mundo” (a cidade de Tóquio), fazem de Bae o melhor de todo o filme.

Por outro lado, foi também a firmeza de Hirokazu Koreeda na realização, que fez com que este conto de fadas fosse tão bom. A sua mestria, aliada a todos os outros talentos envolvidos no filme, transformaram Air Doll numa das mais bonitas e adoráveis surpresas do Fantasporto 2010. – Rui Baptista

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